[RESENHA] "ME ABRACE MAIS FORTE: A HISTÓRIA DE TINY COOPER" BY DAVID LEVITHAN



Eu estava estudando um livro de arte, quando este tratou acerca da estrutura das artes dramáticas e me sentir instigado a ler uma peça de teatro. Fui até a minha estante e achei algumas entre elas: O auto da barca do inferno, Inês de Castro, O Fantástico Mistério de Feiurinha (Pedro Bandeira), Harry Potter e a Criança Amaldiçoada, entre outros. Mas um livro me chamou atenção, pois não fazia parte da minha estante. Este livro chamado "Me abrace mais forte" de David Levithan.

O livro é um derivado do livro "Will & Will" de John Green e David Levithan, o qual não havia lido até então. Mas decidir ler o derivado, por considerar que era possível compreendê-lo por si mesmo, afinal ele se trata de um roteiro de um musical (ainda que a propaganda do livro o coloque como gênero romance, o que nesse sentido não faz sentido, pois ele é literalmente um roteiro de teatro).

O musical roteirizado é escrito pelo personagem Tiny Cooper (que jurei se tratar de uma menina, mas é um garoto). Este decide contar sua trajetória de vida desde o berçário até o ensino médio. O primeiro ato trata da infância dele e a descoberta de sua homossexualidade e como era a relação com os pais, na escola. O segundo ato, trata já da sua adolescência e conta a vida amorosa dele, passando por 17 ex-namorados.

De inicio, eu sentir certa dificuldade para emergir na história por estar considerando-a muito brega. A estrutura do texto oferece comentários gerais de Tiny de como as cenas devem ser, os cenários, como aquela cena surgiu e porque, intercalada com as falas do personagens e as canções (inclusive com menções de como elas devem ser). Eu imaginei que não estava muito ligado por conta da estrutura, mas quando você se acostuma com ela, esta passa a fluir melhor e isso acontece rapidamente com o desenrolar da história.

O primeiro ato é cheio de mensagens e depoimentos do personagem sobre sua família, amigos, sobre a homossexualidade e as questões sociais e pessoais enfrentadas, sempre com um certo humor e até uma dose de piadas de duplo sentido. Já o segundo ato, é o mais interessante em muitos aspectos, porque a base deste é o amor e com certeza você vai se identificar com algumas daquelas histórias, as desculpas para terminar, o primeiro beijo, as primeiras vezes, etc. Obviamente, tem-se aqui um destaque para o relacionamento gay que, com toda certeza tem características distintas de uma paquera heterossexual, e isso é mostrado.

Logo no inicio do livro, o autor coloca uma nota de Tiny que trata sobre um musical ser geralmente tratado como algo não muito real, contudo este diz que este musical tenta ser o mais próximo da realidade, fora os momentos que as pessoas começam a cantar do nada. E isto é possível ser verificado em algumas cenas que, por mais que sejam amenizadas pelo humor e pela brilhantina do musical, são muito tristes por justamente serem reais, acontecerem.

Alguns dos temas tratados na história são o bullying (por conta da aparência), a adolescência, a essência dos relacionamentos, a homossexualidade, amizade, além da questão de você aprender com os erros. Este último talvez tenha sido a temática que mais me cativou, pois o final é bastante emblemático para mostrar como é necessário que possamos errar, para nós termos a possibilidade de levantar e aprender. O título do livro vem justamente dessa questão, ao tratar da seguinte frase: "Cada vez que eu cair, me abrace mais forte" (p.217)

As letras da música é um espetáculo a parte, algumas são extramente bregas e outras extremamente comoventes, como em todo musical. Contudo, os mais momentos mais belos desse livro estão nas conversas entre alguns personagens (principalmente entre Tiny e Will, Tiny e seu amigo Phil Grayson), e nos monólogos de Tiny iluminado por um holofote.

Foi uma leitura que eu não esperava fazer e gostar, além de me emocionar muito com a mensagem final do livro que mais do que uma mensagem de aceitação é uma mensagem de empatia e de valorizar o aprendizado a partir do erro. Entender que nem sempre vamos acertar e que, como diz a filosofa contemporânea Mari Gonzalez, "Tá Tudo bem".



Por Jônatas Amaral


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