“Jogos Vorazes” foi à primeira série cinematográfica o qual conseguir acompanhar inteiramente nos cinemas e desde o primeiro filme a história conseguiu despertar em mim algo curioso e interessante que culminou no que sinto hoje por ela após sair da sessão deste que encerra a quadrilogia. O sentimento? De que tudo está encoberto num manto cinza-colorido, porém ainda há esperança.
O último da série talvez não seja o melhor de todos, porém é o de todos mais impactante, seja por seus acontecimentos cruéis ou pelo fato de nos mostrar um final relativamente feliz, porém que não equivale a um conto de fadas. Afinal, quem poderia esquecer jogos tão cruéis?
Katniss, Peeta, Gale, Joanna, Hammitch, Presidente Snow, Prim, Finick... todos marcados por uma ideologia que se quebra, traumatizados por uma força que os matava aos poucos. É interessante notar que ainda há quem tenha vencido verdadeiramente os jogos vorazes, de todo o mais incomum. Uma frase que por um segundo me tirou o fôlego.
Enquanto estava na sessão podia ouvir alguns comentários dos jovens que se dizem a nova geração revoltada contra o sistema. Não era o que os seus comentários diziam. “Jogos Vorazes” é sim um desses filmes que fazem muito dinheiro e dão felicidades aos seus produtores e a seus estúdios. É um filme para adolescentes e jovens, quem dera que esse público inteiro conseguisse parar de ver apenas um romance, apenas os efeitos, apenas um filme, e visse a carga de uma vida que é retratada de forma distópica, mas que é evidente ao andarmos nas nossas ruas contemporâneas.
Há quem diga que não há ou que nunca irá haver “Jogos Vorazes”, penso que sim, eles existem, porém são bem piores do que aqueles retratados no cinema e vivemos nele constantemente. A história de Suzanne Collins é a ponta de um iceberg para pensarmos no que vivemos de fato.
Ao longo desta sessão uma cena me marcou profundamente, a mesma cena que me fez travar durante a leitura do livro, uma cena que a primeira vez que pus os olhos meu coração doeu tanto e me fez chorar de angustia. Por alguns meses eu a deixei guardada, mas quando esta foi ar na minha frente em uma grande tela a mesma sensação de angustia percorreu meu coração. O brilhante é que foi feita de uma forma nada sensacionalista, sem deixar de mostrar o quanto ela é cruel, mas ainda sim simples e significativa. Em Chamas, a cena termina. Quem se entrega, deixa que a chama destas revelações queime em seu interior.
O filme tecnicamente e artisticamente é eficiente, tropeça em alguns pontos do roteiro. Poderia ter alguns minutos a menos, porém cada cena parece ter sido pensada para mostrar não só os fatos, mas sim o que estes promoveram no interior de cada um. Talvez esta série ficará marcada na minha vida, como uma história que não se preocupou em mostrar apenas um espetáculo de efeitos, mas sim mostrar o que um “espetáculo” gerado, promovido e disfarçado pode fazer com as pessoas que os vivenciam.
O grande epílogo traz uma esperança única com uma frase quase desesperadora. Como pode ser possível isto não é mesmo? Quem sou eu para tentar explicar.
Para finalizar, enquanto escrevo esta crônica escuto uma canção da trilha sonora que compõe a série, em que em uma tradução diz em seu final:
Você, você, está
Vindo para a árvore
Onde o homem morto gritou
Para que seu amor fugisse
Coisas estranhas aconteceram aqui
Então, não seria estranho
Se nos encontrássemos à meia-noite
Na Árvores do Enforcamento
(The Hanging Tree)
Uma canção proibida, uma canção de guerra. Uma canção forte que se torna símbolo de esperança. É! O mundo está cruel, mas ainda há esperança. Contra essas coisas não há lei.
Por Jônatas Amaral
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