“Onde me sentiria mais seguro: na escuridão do mundo no qual mal enxergo ou na escuridão da minha alma?” (pag. 11)
“Presas” conta a história de um andarilho que teve de recomeçar a sua jornada ao se vê acordando é um pântano sombrio, rodeado de cadáveres humanos. Perdido, sem lembrar nada sobre o seu passado, nem mesmo seu nome. Como foi parar ali, nada. Desnorteado, acaba tendo contato com o humilde e interessante povo do Condado de Wisewood.
É neste condado que toda a jornada deste homem começa. Sendo traído, mendigando, tenta recapturar de suas vagas recordações o que está acontecendo naquele lugar, entender porque o reino está ficando tão sombrio. Se não fosse o bastante tudo o que aconteceu com este homem até aqui, ele ainda é perseguido por criaturas sanguinárias. O sangue é o alimento. Mas, porque essas criaturas insistem em perseguir este homem?
Irwin é o nome que lhe é dado por uma donzela neste condado e depois de diversos encontros, ele sabe, pelo menos tem a intuição que as respostas para o que está acontecendo e quem ele é está no Castelo Dos Warin. Rei Máximo do Reino de Forthland. Este é o lugar para onde rumam os pés deste andarilho ao lado de um mercenário ‘bom de briga’ chamado Serge.
Neste mundo as horas parecem dias, criando um mistura de pesadelo e realidade. Os limites da luz e escuridão se perdem a cada momento em meio à névoa, fazendo com que as criaturas bebedoras de sangue dominem e perdurem na escuridão.
“Presas” é o primeiro livro de uma série que está sendo escrita pelas mãos do escritor carioca, Marco de Moraes. No seu primeiro livro, apresenta uma história intrigante, misteriosa e surpreendente misturada a uma linguagem incrível, super bem trabalhada e poética.
Nos primeiros capítulos da obra começamos a embarcar na jornada deste homem e ficamos como ele: Sem saber que lugar é aquele, o que está acontecendo, quem este homem é... Isso estabelece o elemento ‘mistério’ que instiga o leitor a continuar e devorar cada página. Apesar de o ritmo ainda está lento no inicio, cada detalhe esmiuçado nessas páginas, parece útil e assim é, por isso o trajeto por ele acontece de forma curiosa, o leitor é levado a querer resolver este mistério.
O livro sofre uma reviravolta depois do ataque de um vampiro, as tais criaturas que estão impregnando este lugar. Com um fato importante neste encontro, às coisas começam a ficar mais curiosas e assim, então, começa a jornada de Irwin, nome que ele adota, até os Warin.
Nesse caminho encontramos Serge, que com toda certeza foi o meu personagem preferido da obra. Ele é um mercenário que vaga pelas florestas. Os Mercenários são homens que escolheram viver por suas próprias regras e desejos. Serge oferece seus serviços em troca de um pagamento. Serge leva Irwin até o Castelo com a promessa de muito dinheiro.
Serge é um personagem valente, todas as suas cenas são incríveis. É só o cara aparecer para que a situação ganhem ares épicos. Além disso, o personagem tem uma frase que não saiu da minha cabeça e vai ficar gravada na minha memória que é:
“Sou melhor naquilo que sei fazer do que imagina”
Todos os acontecimentos deste livro tem sua importância e são bem delineados. Os Mistérios desse livro são muito interessantes e o livro acaba em um ar de mistério grandioso.
Algo muito marcante nesta obra é a linguagem que o autor escolheu para utilizar: Extramente poético, uma linguagem muito bem trabalhada, mostrando que o autor sabe utilizar e muito bem as palavras.
Talvez, para aqueles que não estejam tão familiarizados com uma linguagem tão poética, reflexiva e por vez, rebuscados. Pode achar estranho e não curtir, talvez! Afinal, essas palavras te envolvem, elas te encantam e se fazem entender maravilhosamente bem.
Poucas vezes vi um autor trazer a poesia tão clara no seu texto, Marco de Moraes chega a rimar algumas orações e estabelece diálogos em forma de poesia:
“ – Quem é?!A barcaça parou à orla do pântano. Ouvi uma voz:- tu me vês porque as coisas são.Não devias teu olhar rendido à tentação.Apresentamo-nos sem cumprimento, sem afago.Sou quem te levará lá do lago” (pag. 61)
Eu consigo ver duas características que merecem nota: Musicalidade e imagem
É impressionante que alguns capítulos desse livro lidos em voz alta são lindos, parecem até terem sido feitos para terem essa leitura. É algo muito legal.
Alguns lugares e personagens não têm uma descrição precisa, porém o autor coloca pequenos elementos que te fazem ter a imagem daquele personagem, daquele lugar. Imaginação incentivada.
São duas características inerentes ao texto poético.
Presas: A dádiva da Escuridão. Marco de Moraes. Editora Novo Século. 2013. 283 páginas |
É um livro muito interessante de se ler. Particularmente, não li nada parecido, até então. O Final é surpreendente. O que fecha com “chave de ouro” e te deixa naquele estado de querer ler o que acontece no segundo volume, principalmente pelo fato de você não conseguir visualizar como aquilo irá ter um seguimento.
É um livro misterioso, que começa num ritmo lento e vai pegando ritmo ao longo das páginas, dando leves suspiros, para recomeçar num ritmo eletrizante. Uma história que mistura terror, suspense, política, Idade Média, algo que enche os olhos. Uma leitura que vale muito a pena fazer.
Por Jônatas Amaral
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Olá ^^
ResponderExcluirBom, eu não conhecia o livro, na verdade. É a primeira resenha que leio sobre ele. Não é bem o meu estilo de literatura. Gosto de algo mais animado, agitado e me pareceu meio parado, mas eu leria sim, acho que toda leitura é válida.
Bela resenha.
Beijos,
Larissa
- Vitamina de Pimenta -