Que fique claro: eu amo musicais! É
um gênero pouco realista e escapista. A música é fundamental para o desenrolar
da história; os personagens se expressam por meio de canções. Nem sempre isso se
torna orgânico e agradável, mas você reconhece um bom musical quando você é
imerso naquela história por meio dessas canções. É um bom musical quando a
música avança a história. “O Rei do Show” é um bom musical que merece ser visto
no cinema. É um espetáculo visual e auditivo, não inovador, mas eficiente para
lhe oferecer aquilo que talvez precisamos de vez em quando: emoção, sorrisos,
amizade e uma boa ilusão.
“The Greastest Showmen” ou “O Rei
do Show” narra a história de Barnum considerado um dos Pais do Circo Moderno.
Depois de perder o emprego, Barnum decide colocar em prática seus sonhos de
infância e criar o ‘ShowBusiness’. Através de métodos questionáveis diante
da lei ele consegue um empréstimo e abre um grande espetáculo de...
curiosidades? De humanos diferentes? E com um pouco de malandragem, imaginação
e um tanto de orgulho começa uma jornada de ascensão social que irá lhe trazer benefícios,
mas também muitos erros e perdas.
A cena de abertura é impactante e
já dá ao expectador o tom do filme: imaginativo, vivo, dançante e emocionante! É
como um convite para vislumbrar um espetáculo. A própria composição dos planos do filme lhe dará a sensação de está na platéia daquele anfiteatro assistindo histórias
de erros e acertos de um personagem questionável, a história de amor de um
burguês com uma trapezista, a força de uma esposa e os sonhos de suas filhas, o
nascimento de uma família entre pessoas que viviam escondidas.
Barnum (Hugh Jackman) e Charity (Michelle Williams) |
Os números musicais são belos e
pop. As canções são fáceis de se aprender, muito parecido com as composições do
badalado “La La Land”, afinal são os mesmos compositores. Quatro canções se
destacam: “The Greastest Show”, “Never Enough”, “Rewrite the stars”, mas o
grande destaque é “This is me”. Ela carrega uma mensagem válida e que guardamos
no coração ao final da exibição. É uma música de empoderamento inserida em um momento
muito forte do filme em que temos renegação, onde aqueles seres humanos são tratados como objetos,
apenas como atrações.
Esse é um tema que é pincelado
pelo filme inteiro, mas suavizado até por conta do público que o filme quer
alcançar. Na verdade, vários temas são
suavizados pelo roteiro, mas é justificável até determinado ponto já que o
filme não quer ser ‘pesado’. Ele quer te mostrar que isso acontecia, mas ser leve
no tratamento deste temas, ou seja, não é um filme biográfico que tem um pé na
realidade. É fantasioso, é bem familiar, mas não deixa de ser forte e
emocionante. Você entende o drama daqueles personagens, pelo menos os que têm certa
voz no roteiro. Esse talvez seja um problema, as “atrações” são bem
coadjuvantes, logo nem todos possuem uma voz forte e que mostre suas
personalidades, com exceções de Anne (Zendaya), Lettie (Keala Seattle) e Tom
(Sam Humphrey).
Jenny Lind (Rebecca Fergurson) |
Zac Efron e Zendaya possuem um
bom número musical que visualmente é incrível de ver. Hugh Jackman é sensacional
em musicais e nesse continua tão bom quanto. Michelle Williams está muito bem e
mostra delicadeza e força em cena. Agora, Rebecca Ferguson com sua Jenny Lind
protagoniza uma das cenas em que o cinema inteiro parou para escutar, pairou um
silêncio arrebatador na sessão onde eu estava. O roteiro cria uma expectativa
para essa cena que é muito bem realizada e emocionante quando acontece. Você
tem que assistir.
Por fim, não é o melhor musical
já feito. Muito menos o mais inovador. Mas, é um dos mais bonitos que eu já vi.
É alegre e envolvente. Ele não deixa de mostrar os defeitos dos personagens.
Barnum era um trapaceiro e você pode questionar se ele era um sujeito bem intencionado
em muitos momentos, já que ele utilizava do preconceito das pessoas e de falsas
ilusões para ganhar dinheiro, em determinado momento seu orgulho chega a falar mais
alto. Acontece que o roteiro te leva para um lado menos escuro da realidade e
te oferece um escape da sua realidade, ao mesmo tempo que te faz pensar por alguns
minutos sobre o quanto não devemos depreciar as pessoas, mas sim valorizar as
diferenças. O próprio personagem passa por essas quedas devido o seu
comportamento e trato das pessoas. Um musical tem essa capacidade de nos levar
para um espetáculo imaginativo e nos manter ao mesmo tempo na nossa dura
realidade.
Anne (Zendaya) e Phillip (Zac Efron) |
Por esses e muitos outros motivos, eu indico você aproveitar esse filme no cinema, mas quando ele sair de cartaz
assista e reassista novamente. O filme foi indicado a 3 Golden Globes na categorias de Melhor Filme de Comédia ou Musical, Melhor Ator (Hugh Jackman) e Melhor Canção Original ('This is me') e foi indicado ao Oscar de Melhor Canção Original. É um espetáculo que você não pode perder.
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