[ #OSCAR2017 ] "CAPITÃO FANTÁSTICO" (Capitan Fantastic, 2016)

         

“Capitão Fantástico” possui diversos motivos para ser considerado um dos melhores filmes de 2016. É um filme especial que nos mostra uma história singela e delicada, com atuações marcantes e surpreendentes. Afinal, você está preparado para ver crianças falando de fascismo, criticando o capitalismo e nos levando para dois pontos de vistas distintos que nos deixaram profundamente em dúvida para qual lado seguir?


O filme conta a história de Ben (Viggo Mortensen) e seus seis filhos que formam uma pequena colônia na floresta, longe da civilização. A ideia de Ben e sua esposa quando os filhos nasceram era de dar à eles uma educação de vida única e que os libertasse das amarras do sistema. As crianças aprendem a lutar, a escalar, leem obras clássicas sobre política, literatura, economia, caçam, praticam exercícios como atletas para uma maratona. O objetivo é a autossuficiência. Uma triste perda leva toda a família a deixar seu isolamento e reencontrar os familiares e este reencontro trará à tona velhos e novos conflitos.

Quero discorrer sobre dois pontos de imediato: a cena de abertura e a cena final. Como espectador a cena inicial deste filme é forte e inesquecível. É uma caça a um cervo que simbolizará um rito de passagem. É uma cena crua e espetacular. Diferente da cena final deste filme é que singela, familiar, e a meu ver intrigante. Pois, a resolução do filme me leva a pensar: Valeu a pena?


Muitos comentários já foram feitas a respeito do desfecho do filme, e venho concordar e discordar deles. Acredito que o filme não precisava do seu ato filme, existe uma cena de Ben na estrada que é belíssima logo após todos os eventos do segundo ato que finalizaria o filme de forma sensível e emocionante. Contudo, o ato final oferece a nós uma delicadeza e um fechamento tão redondo e bonito que eu ficaria triste se estas cenas fossem omitidas. É um belo desfecho.

Este filme não funcionaria sem que o público se importasse e acreditasse naquela família e tudo o que ela faz e representa, contudo as atuações dos seis filhos e do pai são profundas e bem dirigidas que nos fazem acreditar nela. Uma cena logo no inicio do filme corta nosso coração pela sua verdade. As cenas do luto e as cenas em que são discutidos aspectos da política são verazes, elas fazem pensar sobre o sistema que vivemos. Na primeira metade sentimos raiva do sistema, na segunda metade entendemos a positividade do sistema, e então vem a dúvida principal a meu ver: qual a melhor forma de educação de jovens e crianças para uma sociedade com cidadãos mais justos e mais críticos? 

É comum hoje em dia vermos o grito de “FACISTA! FACISTA!”, mas você sabe o que é fascismo? Eu não sabia. E pela boca da filha menor deste filme eu descobrir. Seria correto, crianças tomarem doses pequenas de vinho? Seria sábio falar de sexo de forma clara, usando as palavras para uma criança de 5 ou 6 anos se ela por acaso perguntar a você sobre? As escolas formam cidadãos? São essas perguntas que ficam na mente, através de cenas pontuais e belas dramaticamente.

O filme estreou em outubro de 2016 e alcançou uma nota 82 no RotenTomatoes. O ator Viggo Mortensen está indicado ao Globo de Ouro de Melhor ator em filme de Drama. E não entendo o porquê dele ser tão esquecido pela crítica e aguardo muito que esse filme seja lembrado no Oscar. E ainda que não seja, é um dos melhores filmes deste ano que merece uma atenção particular sua e do público em geral.

“Capitão Fantástico” é um drama sensível com toques fabulescos e até com um tom na medida da dramédia. É um filme apaixonante.


Por Jônatas Amaral

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