[RESENHA] "As Caçadas de Pedrinho" de Monteiro Lobato



Monteiro Lobato tornou um ícone da literatura infanto-juvenil. Milhões de almas foram acalentadas e encantadas com seus personagens. Milhares de sonhos foram sonhados e admirados na criação do incrível Sitio do Picapau Amarelo.

Hoje em dia, muitas crianças ainda não tiveram o privilégio de se aventurar pelas trilhas daquele Sítio onde tudo podia acontecer. Mas, o que eu e a editora Globo, com toda certeza, deseja é que jovens, adultos e crianças que nunca se aprofundaram nessas aventuras possam se permitir e mesmo aquelas que já leram um dia possam voltar de vez em quando àquele mundo.

Em 2008 a Editora Globo, relançou as obras quem compõem as histórias do Sitio do Picapau Amarelo, em uma edição artisticamente bela, com curiosidades, ilustrações sensacionais. Com uma diagramação encantadora.

Muitas dessas obras foram para as bibliotecas escolares, o que para mim foi um ponto extra e motivo de orgulho.



Recentemente, três livros dessa nova edição chegaram as minhas mãos, vinda de um presente. Uma delas foi “As Caçadas de Pedrinho”. Para muitos meninos, esse é o livro preferido da série, embora possa competir bastante com “A Viagem ao céu”.

“As caçadas de Pedrinho” começa no Capoeirão dos Taquaraçus, quando o Marquês de Rabicó escuta um miado que parece rugido. Aquilo só podia ser, Onça Pintada, e das grandes. Apesar do medo, a turma do sítio cria coragem para enfrentar a fera. Comandada por Pedrinho, a tropa que ainda conta com Emília, Narinho, Marquês de Rábico e Visconde, partem para enfrentar e matar aquela onça.

As noticias da caçada se espalham pela bicharada toda. A confusão está armada. Porque depois do acontecido, os animais acreditam que o mesmo possa acontecer a eles. Forma-se uma assembléia para discutir o caso e fica decidido, o Sitio terá que ser atacado.

No meio da confusão, surge na floresta outro animal selvagem, que escapou do Circo no rio de Janeiro, e como tudo pode acontecer, Sua fuga causa um reboliço, e como se é de imaginar ele vai parar justamente no Sitio de Dona Benta.

LOBATO, Monteiro. Ilustrações de Paulo Borges.
São Paulo, Editora Globo. 2008. 71 páginas

“As Caçadas de Pedrinho” é um história de aventura, que causou certa polêmica, e ainda causa um pouco, pelo fato de que, as crianças do sitio caçam animais silvestres, ou seja, selvagens, o que é proibido hoje no Brasil pelo IBAMA. O que quase provocou a retirada do livro de circulação, o que seria uma perfeita irresponsabilidade, afinal quando o livro fora escrito tal coisa não era crime, e hoje em dia ajuda vermos o quanto isso é prejudicial. Afinal, os próprios bichos se revoltam, o que levaria as crianças e jovens a pensarem sobre o assunto.

A escrita de Lobato é muito interessante, pois apesar de ser um livro para o público infanto-juvenil, a linguagem utilizada por ele é muito interessante para qualquer idade, pois não é boba (como muitos autores acham que deve ser, só por querer atingir o público infantil), e apesar de trazer palavras diferentes, não tão usuais, é compreensível. É uma escrita linda.

O Livro “As Caçadas de Pedrinho” na verdade é uma ampliação de uma história. Em 1924, Lobato lançou “A caçada a onça”, mas em 1933 ele decidiu ampliar a história com o novo nome. Logo, temos a caçada à onça e também temos uma nova, que a caçada ao rinoceronte. O que tornou a obra mais completa e divertida.


Apesar de serem as caçadas de Pedrinho, que mostra toda sua habilidade, toda sua coragem e destreza, quem verdadeiramente se destaca é a boneca Emília, ela praticamente é o ponto chave da ação, ela cria cada coisa, negocia rinoceronte, tem solução para tudo, é destemida (afinal, feito de pano, quem teria medo?).

Enfim, a história é muito gostosa de ler, é uma leitura muito rápida, boa para as tardes quentes, frias e mornas ou para as noites. Um livro que dá vontade de ler e reler. E sempre você quer mais. 

Eu indico o livro, assim como indico todos os livros de Monteiro Lobato. Convido a você a se aventurar pelo Sitio do Picapau Amarelo, eu duvido se você não vai querer voltar sempre.

Por Jônatas Amaral

Comentários

  1. Oi Jônatas, as obras de Monteiro Lobato, especificamente as sobre o sítio do picapau amarelo fizeram parte da minha infância, digamos que aprendi a ler com elas. Lembro que na casa dos meus avós ficavam na estante os livros da coleção, lindos, com capa dura e ilustrações em aquarela.
    Que bom que você se deparou com esse clássico.
    Abraços!
    Ps :. Esses bonequinhos ai, dão medo. (brincadeira moço)

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    1. Olá Renato,
      Monteiro Lobato ficaria muito feliz de saber disso. Estava lendo um livro sobre a obra dele esses dias, e descobrir que ele amava receber cartas de leitores, e adorava respondê-las. Todas as vezes que ele sabia que suas obras se tornavam marcantes ele colocava ainda mais sua imaginação para funcionar, a fim de levá-la mais pessoas.

      Os bonequinhos receberam sua observação com alegria. kkkk isso porque eu não te mostrei minha réplica da Cuca. kkk

      Vlw Renato!
      Muito bom lhe ver por aqui.

      abraços.

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  2. Monteiro Lobato foi o primeiro escritor que tive curiosidade de ler e na época ia à biblioteca apenas para pegar seus livros. Não lembro se li esse livro especificamente, mas recentemente o grupo de teatro da minha irmã criou uma peça sobre o Sítio e ela ficou interessada em comprar os livros dessa edição, o que me deixou muito feliz. Reli apenas "O Saci", mas é uma experiência muito agradável ter a oportunidade de reler uma história tão bacana. Sem contar essa belíssima edição da Globo.
    O legal é você falar sobre a Emília, já que sempre achei uma personagem muito interessante (melhor personagem da peça, por sinal) por motivos óbvios KKKK Espero ler em breve toda a obra do Lobato.

    Abraços,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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    1. Olá Ricardo,

      Emília é uma figura, sempre admirei essa boneca. Gosto muito dela, pois acredito que ela representa uma alma que apenas quer se expressar da forma que quiser, fazer o que tem vontade. Um pouco de cada um de nós.
      Ela é uma das personagens mais icônicas da nossa literatura, ela dividi o posto de meus personagem favorito da série com Pedrinho, que é quase (exceto por alguns detalhes) uma réplica minha.
      Recomendo sempre essa volta as entranhas do sitio do picapau amarelo.

      Muito obrigado!
      Até mais!

      Jônatas Amaral

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  3. Monteiro Lobato é um cânone da literatura fantástica brasileira, e há de respeitar, se curvar e agradecer muito esse homem. Realmente nunca tive contato direto com a escrita dele (nunca comprei um livro e o li, em si), mas já li coisas dele e, realmente, esse homem é de se admirar.
    Adorei essas ilustrações e tudo o mais. Amei a forma com que você falou do livro. Eu adoro o que você escreve, sabe disso, então nem preciso ficar repetindo isso demais. aiushaiuhs
    Abração! Sucesso com o Blog! Adorei demais <3

    Achou o Quê?:
    http://achouoque.blogspot.com.br/

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    1. Olá Breno,
      Fico feliz de te encontrar por aqui.
      Muito obrigado pelo apoio e pelo carinho. Sua opinião é muito apreciada por mim, sempre.

      Se quiser, um dia desses lhe empresto alguma obra dele para você ler, se um dia estiver querendo muito. Estou lendo, um livro sobre sua obra, e tenho aprendido e tendo descobertas incríveis sobre sua forma de escrever e pessoa, verdadeiramente é alguém para se respeitar e agradecer muito.

      Muito obrigado, volte sempre!!
      Sucesso!!

      Jônatas Amaral

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    2. Breno, de fato o escritor é um dos mais talentosos de sua geração. Legou ao Brasil um bem inestimável: uma literatura infantil de altíssimo nível, que pode ser lida até hoje, porém, não é digno de tanta devoção. Todavia, nenhum comentário é válido de quem nunca leu um livro se quer de Lobato. Se seus elogios são referentes a série da TV Globinho, sim, eles fizeram um bom trabalho. Porque desde que o Sítio do Pica-Pau Amarelo foi para a televisão, a obra de Lobato tem sido suavizada pelo "politicamente correto". Talvez seja essa boa lembrança que você e até o mesmo o Jônatas Amaral, esteja impedindo vocês de enxergarem tais detalhes. Se na série de TV fossem mantidas TODOS os detalhes da obra original, nós veríamos a turma do Sítio, caçando animais em extinção, cheirando o pó de pirlimpimpim, para que as crianças, entrem em contato com uma possível incitação ao consumo de drogas e sem nenhuma orientação, descubram por si só que aquilo é errado. E se as crianças que assistem a série de TV vissem que a Tia Nastácia não é tratada com tanto carinho assim, pois os únicos livros que ela não é vítima de racismo, são os livros em que ela não aparece. Sabemos que na época em que os livros foram escritos era comum pessoas negras serem tratadas de forma preconceituosa, mais tentem se colocar no lugar dessas crianças negras que assistiriam a isso e tente perceber a carga histórica dessas palavras sendo arrastada desde séculos passados: "macaca de carvão", "carne preta" ou "urubu fedorento", tudo lá, em Caçadas de Pedrinho e em tantos outros livros de Lobato, presente nas escolas públicas. Um assunto tão importante, não poderia passar despercebido por sua alma crítica que precisa ser discutido sempre. Abraços!

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    3. Muito bom Hugo,
      Verdadeiramente a obra de Lobato é carregada de elementos que hoje foi suavizada pelo "politicamente correto", o que é uma falha.
      Hoje eu leio a obra de Lobato vendo outras coisas que eu não consiga relatar quando li pela primeira vez com 10 anos. Lobato trabalhou muito com o imaginário, com a crítica, e nenhum desse elementos por mim passaram despercebidos, tanto é que cheguei a comentar sobre o fato da caçada aos animais e como ele fez muito bem que o próprio leitor visse como aquela atitude poderia ser errada, tirar suas próprias conclusões.
      E o mais incrível de Lobato é isso, como ele consegue divertir e fazer pensar tudo ao mesmo tempo.
      Talvez, uma simples resenha não consiga expor tudo o que a obra e mesmo um livro dele possa nos proporcionar. Mas, que bom que ainda podemos falar sobre ele e fazer as pessoas descobrirem essa obra.
      É uma obra incrível que merece ser lida, apreciada e, sim, estudada.

      Agradeço pelo seu comentário.
      Foi de grande valia e fico muito feliz.

      Volte Sempre!!

      Abraços.

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  4. Oi,
    Quando eu era criança eu adoraaaava assistir o sítio do pica pau amarelo, mas eu preciso confessar que apesar disso, eu nunca cheguei de ler nenhum livro do monteiro lobato. Acho que é uma falha que eu preciso concertar, mas a verdade é que fiz tanta compra ultimamente que não tenho mais um tostão p gastar com livros :p
    Achei seu blog muito bacana e vou segui-lo! Você poderia visitar o meu blog e segui-lo também? obrigada ;)
    Juliana

    -TÍTULOS DE LIVROS
    http://titulosdelivros.blogspot.com.br/

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    1. Olá Juliana,
      Bem vinda ao Alma Crítica.
      Fico feliz que tenha gostado.

      Também assistia muito a série de TV do Sitio, eu adorava. Hoje ainda assisto tanto nos dvds, quanto na TV BRASIL. Assim como assisto a primeira versão.
      Espero que em breve possa ler algum livro, é uma obra extensa, aconselho a ir em bibliotecas, hoje em dia, graças a Deus, podemos encontrar bastante a obra dele na prateleiras das amadas bibliotecas.

      Gostei muito do seu blog, estou seguindo também!
      Espero encontra-la mais vezes por aqui,

      Abraço!

      Jônatas Amaral

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  5. Reexame do Parecer CNE/CEB nº 15/2010, com orientações para que material
    utilizado na Educação Básica se coadune com as políticas públicas para uma educação
    antirracista.
    file:///C:/Users/Clodoaldo/Downloads/Sem%20t%C3%ADtulo.pdf

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