EQUALS (2015) : E se você não pudesse ter sentimentos? Você arriscaria tudo para sentir algo?


Você já pensou na possibilidade de não poder reagir emocionalmente as coisas a sua volta? Não poder ter qualquer contato físico com ninguém? Ser cético em cada parte do seu dia? Não sentir prazer ao ver algo, ao ouvir algo? Já pensou se não tivéssemos emoções? 

Todas as vezes que me deparo com tais perguntas, penso: Sem todas essas coisas poderíamos ser considerados humanos?

Equals ou Quando eu conheci você (no Brasil) se passa em um universo futurista onde a sociedade não pode ter ou sentir emoções. Sentimentos são considerados uma anomalia médica do seu humano. As pessoas que são diagnosticas com SOS (termo utilizado para descrever a doença) passam por um tratamento a base de remédios que ajuda na repressão dos sintomas. Não existe até então uma cura para tal doença e há quem acredite que ela possa ser contagiosa ou não.

Silas (Nicholas Hoult) começa a sentir determinados sintomas, sendo posteriormente diagnóstico no estágio 1 da doença. Considerando determinados aspectos e sintomas este percebe que sua colega de trabalho Nia (Kristen Stewart) sofre do mesmo "mal". O contato, o olhar, a descoberta de si mesmo leva estas duas almas a um amor que flui de forma desesperada de sua mente, corpo e alma. Um perigo iminente se instaura, afinal, se forem pegos serão levados ao DEN, onde receberão uma sentença de morte.

A construção da ambientação desta trama é um dos pontos mais fortes e que contribui veementemente para uma sensação absurda de angustia e repressão que roteiro quer passar. 

O filme se inicia de uma forma muito silenciosa e cética, com alguns ruídos, frio, chato até, mas de forma intencional já que você passa a ser introduzido naquele ambiente e muito disso permanece ao longo de todo o filme. Conforme Silas começa à  experimentar novas emoções e sensações o filme, até então muito branco e cinza, ganha cores calmas e vibrantes. Em duas cenas as cores são fundamentais para mostrar o nascimento e a repressão de sentimentos. O tom esfumaçado e desfocado de algumas cenas ajuda o espectador ver e quase tocar nas emoções que vão surgindo aos poucos nos personagens. 

Exemplo do uso de cores
O filme ganha fôlego ao se aproximar do final com uma sequência que nos deixa cheios de expectativa. Ainda que alguns acontecimentos sejam previsíveis, a situação em si é intrigante e gera expectativa, afinal você não entende como aquela situação poderá ter um final feliz.

O ambiente do filme gera um desconforto do inicio ao fim no espectador. De forma pessoal, uma das cenas de Kristen Stewart conseguiu inserir uma dor emocional tão grande em mim que precisei de um tempinho para conseguir retornar ao filme. Não é um filme de atores, é um filme de roteiro acima de tudo, um filme para sentir. Posso imaginar que viver sem emoções é um pouco do que foi mostrado em tela e, absolutamente,  não é bom, não trás felicidade.

É um filme reflexivo em muitos aspectos, principalmente no que tange a repressão de sentimentos que pode ser entendido em diversos âmbitos, já que qualquer forma de contato é visto como prejudicial. Hoje a nossa sociedade condena à morte, as vezes, determinados relacionamentos. Julga amizades como inapropriadas só pelo fato dos erros anteriores; julga as pessoas como anormais ou não dignas de sentimentos por conta do estado emocional, psicológico, clínico. Somos um ser que vive em sociedade, que se desenvolve em sociedade, porque mutilamos a nós mesmos e as pessoas? Qual o motivo de não construirmos laços de amizades profundas? Por que a superficialidade é super estimada? Por que não sentir o que sentimos?

Muitas de nossas lutas internas são prisões coordenadas por fatores externos que consideramos serem nossos em algum momento da vida e que de repente você não sabe mais onde você começa e onde você termina. Você não sabe o que quer ou o que quer sentir, mesmo que quer sentir.


Se eu não tivesse sentimentos, o que seria de mim? Eu sou feito de sentimentos. Você é feito de emoções. Não deixemos que a maldade e ganância do homem tire de nós uma das caracteristicas mais vitais para nos chamar de seres humanos.

Equals é um romance distópico que têm muito a nos fazer refletir sobre as nossas relações e sobre a forma que encaramos os nossos sentimentos. 

Por Jônatas Amaral

Comentários

  1. Olá, tudo bem? Parece ser um ótimo filme, fiquei bem curiosa para assistir... Adorei a postagem!

    Beijos,
    Duas Livreiras / Sorteio de 11 kits

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