EU LI 'EU FICO LOKO" E PENSEI: Eu fui um adolescente normal?

Um dia de greve geral para muitos. Para mim um dia de faxina geral no meu quarto, afinal aquele lugar era pura poeira depois de tanto tempo sem que eu conseguisse limpar tudo de uma vez. No meio da arrumação das estantes de livros, decido ler "Eu Fico Loko: as desaventuras de um adolescente nada convencional" de Christian Figueiredo de Caldas.

Existe certo consenso social para ter preconceito com livro produzidos ou escritos por Youtubers. Até certo tempo eu entendo o porquê. Contudo, a meu ver esse tipo de livro é mais um passatempo que reflete um pouco a geração nova de adolescentes que estão mais ligadas as redes sociais e com vídeos do que à livros, revistas, enfim, ao impresso em si. Não que isso seja algo generalizante, mas é possivelmente observável a olho nu.

Desta forma, o livro de Christian Figueiredo é um desses livros que você ler sem pensar muito, se diverte e depois pode simplesmente seguir em frente na sua vida, isto não quer dizer, por outro lado, que o livro não possa gerar alguma reflexão principalmente para o seu público alvo: os adolescentes. Tanto é que tive que vestir uma capa de Jônatas aos 13 a 15 anos de idade para começar a me esvaziar de preconceitos, de desejo de coisas profundas que a idade trás querendo ou não. Isso funcionou até certo ponto, pois para leitores jovens adultos esse livro pode ser melhor aproveitado quando há identificação com as situações, com os pensamentos. Foi por conta disto que dediquei um tempo para escrever sobre este livro.
Ainda que o livro tenha como subtítulo a ideia de alguém com uma adolescência incomum, na prática é sempre evocado situações, que para o autor, é comum a todo e qualquer adolescente, ainda que as muitas histórias sejam loucas de verdade. Foi nesse momento que eu pensei: "Acho que não fui um adolescente normal", principalmente ao tange relacionamentos, viagens, festas. Nem todo adolescente viveu uma vida de excessos e de rebeldia, isto talvez seja um esteriótipo que passa de geração e geração, e que diz que todo o adolescente precisa da rebeldia para crescer. 

Lembro da minha adolescência como um período tranquilo de descobertas, de aprendizados, mas não de excessos, não de adrenalina. Quando repenso o que vivi, reflito se isso foi normal, será que eu teria vivido uma adolescência mais intensa se eu tivesse os excessos? O que é um adolescência intensa?

Acho um absurdo o quanto a bebida alcoólica está presente nas crônicas desse livro, o que me faz pensar: eu não vivi essa história com a bebida, mas quantos adolescentes têm vivido com o álcool na sua vida desde cedo para ser aceito, para extravasar, para até ser feliz? Não só a sociedade e os amigos, mas o pais têm culpa nisso também. O álcool para mim é uma desgraça da sociedade, assim como as drogas, o cigarro e a pornografia. Elas não sinônimo de felicidade para mim. Ver isso refletido nessas crônicas, de forma bem humorada, me faz pensar sobre a educação que quero dar aos meus filhos, a mensagem que quero aos meus alunos. Drogas em geral parece é uma forma de sair do controle. Sair do controle não é sinônimo de felicidade.  

Minha adolescência foi calma, com poucas festas, com muitos amigos, com amores bem resolvidos. Com aventuras na medida certa. Ler esse livro foi uma diversão, ainda que não houvesse identificação com os pensamentos e histórias, foi uma forma de relembrar o que eu vivi, e pensar a geração atual de adolescentes que hoje são meus amigos e são meus alunos. Isso é interessante, pois tudo isso veio de um livro de Youtuber. Ainda há pessoas que dizem que não se pode aprender nada com esse tipo de literatura, acho que essa é mais uma das exceções das quais eu faço parte. 

Por Jônatas Amaral




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Comentários

  1. Oi Jônatas!
    Vc tem toda a razão: eu também tive uma adolescência tranquila...sem todos esses excessos. Até que ponto uma versão ou outra da adolescência é "normal"? O que é que define? Será os adolescentes não fazem isso justamente por (e apenas por) ter essa ideia de que isso é ser adolescente? E concordo plenamente que perder o controle não é sinônimo de felicidade.
    Que bom quando uma leitura assim descontraída consegue nos levar a reflexões também
    Beijos,
    alemdacontracapa.blogspot.com

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