[#OSCAR2017] "LA LA LAND: CANTANDO ESTAÇÕES" (2016)



Mia (Emma Stone) e Sebastian (Ryan Gosling) formam o casal principal de uma história de amor que tem como pano de fundo a conquista dos sonhos de uma vida. Eles representam aqueles “tolos” que correm atrás dos seus desejos mais estranhos e mais impossíveis diante das circunstâncias. Ela, uma atriz que está com dificuldade de conseguir trabalho no ramo. Ele um músico que sonha construir um club de Jazz, com o que ele chama do jazz de verdade. No meio das ruas e lugarejos de Los Angeles o casal passa a descobrir uma linda história surgida da doce e suave sinfonia do amor.

O filme é um musical, como você já deve saber, que faz um tributo aos grandes musicais de outrora. E para os grandes amantes do gênero a experiência proporcionada por esta história será perfeita, diante de tantas e tantas homenagens. E para aqueles que não tiveram e nem têm tanto acesso a esse gênero tão sonhador que é o musical, deverá se surpreender (ou achar estranho, as vezes) com a mescla persistente do passado e do presente nas sequências, durante todo o filme.

Em muitos momentos eu me senti assistindo um filme antigo por conta dos ângulos, da estrutura do cenário e até mesmo da movimentação dos atores até nas cenas mais comuns. Você sabe aquela movimentação caricata que muitas vezes vemos em filmes antigos? Isso está em La La Land. 

Para esta resenha irei comentar cada uma das estações e seus destaques, afinal assunto não falta para comentar.

INVERNO

A primeira parte do filme inicia com uma cena musical em plano sequência espetacular, com uma música dançante. Já é uma cena clássica que mostra sonhadores chegando à cidade que deverá ser o local onde seus sonhos se realizarão. 

Considero esta primeira parte um primor técnico e de construção de personagem. Afinal, somos apresentados as canções que em minha opinião são as melhores do filme: “Another Day of Sun” e “Someone in the Crowd”. São músicas dançantes e que evocam toda uma esperança e sonho que reside naqueles jovens. Esperanças e persistência que vão aos poucos, de certa forma, se quebrando.

PRIMAVERA

O momento mais romântico e recheado de cenas lindas do casal que você irá torcer do inicio ao fim. Recheado de tiradas de humor e diálogos sinceros, clichês, intrigantes, e até irônicos, tendo Sebastian como o autor da maioria deles. É um momento de muitas cores e de uma das sequências mais belas do filme que acontece nas estrelas. A sequência em questão é de uma criatividade e de uma beleza inesquecível.

É neste momento de transição da primavera para o verão que acredito haver algo que pode ser considerado um probleminha do filme.

VERÃO

O ritmo do filme fica um pouco mais lento e suave, até controlado demais eu diria, quando o romance está consolidado, e para alguns, talvez, este ritmo mais calmo do filme possa ser um argumento para achar um filme um pouco longo demais nesse período.

É no verão que vem às principais propostas e os principais questionamentos presentes sobre a essência do que buscamos. Sebastian é confrontado a se “atualizar” para poder tentar conseguir seus sonhos e agradar Mia. Enquanto que Mia decide esquecer os testes e tentar coisas novas, se arriscar. É um momento de risco para ambos e também um momento em que as situações começam a abalar a relação.

OUTONO

O ritmo lento já antes mencionado pode ser considerado como uma preparação para o momento em que as folhas caem. E os sonhos parecem causar dores, parecem doer demais. Onde a realidade começa a pesar. É um dos momentos em que menos temos canções, números musicais. É um momento em que parece que o filme esquece que é um musical. Mas, quando ele lembra, é muito bem lembrado. Pois, somos apresentados a duas performances de Emma Stone que comprovam o motivo da sua Indicação ao Oscar.

Emma Stone me ganhou de vez em sua atuação através de uma reação em uma cena. Reação que me fez sentir algo que eu já havia sentido antes: Frustração por um trabalho não apreciado. Só o olhar, com o sorriso nervoso. Perfeito. E mais adiante com um desempenho perfeito da canção “Audition”, também indicada ao Oscar de Melhor Canção original.

INVERNO

E completando o ciclo, o inverno traz e realiza sonhos. Mas, fica a questão: “O que deixamos para trás na grande caçada da realização dos nossos sonhos?”. Muitos consideram o filme otimista. Eu o considero 90% otimista, afinal o final é agridoce, justo, feliz, até certo ponto. Aos mais sentimentais, prepare-se para uma surpresa. Aliás, a sequência final é uma das mais perfeitas do filme. 

Alias, se nenhum dos motivos e elogios feitos neste texto te convenceu. Se o roteiro é simples demais para você; se musical não é seu gênero favorito; se acha que vai se decepcionar; se não gosta de ver dramas no cinema... Vá ao cinema. Simplesmente, vá ao cinema e assista. Só o espetáculo visual que é o filme já vale o ingresso. Leve sua namorada, seu companheiro, companheira, amigos e apreciem a algo ao mesmo tempo evocativo ao passado e diferente na imensidão do presente.


Por Jônatas Amaral

Comentários

  1. Um filme para a história. O filme abre com uma impressionante sequência em uma rodovia em direção a Los Angeles. La La Land é um filme essencialmente sensorial. A história é quase uma desculpa para reconstruir a magia dos musicais. Ryan Gosling (Ryan do óptimo Blade Runner 2049 ) e Emma Stone tornam toda essa construção fluida, ambos desempenhando um dos melhores papeis de suas carreiras. Não só através de suas movimentações nas quais cada passada parece ter sido milimetricamente estudada, tornando até o flutuar algo orgânico, como na forma que se entregam a seus personagens. Mesmo nos silêncios conseguimos sentir ambos, de tal maneira que ganham vida diante de nossos olhos, nos fazendo sentir suas dores, alegrias, tornando seus sonhos os nossos. Acompanhar esse casal é se deixar entregar a uma espiral de emoções, que nos remetem aquele grande amor que todos vivemos. A música ainda faz o máximo para aproveitar a voz de ambos, levando em conta suas limitações, sem exagerar ao ponto de pedir mais do que eles poderiam realizar.

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