[RESENHA] "LAGOENA: O PORTAL DOS DESEJOS" DE LAÍSA COUTO



“Lagoena: o portal dos desejos” é um livro de fantasia nacional destinado ao público infanto-juvenil. É uma história divertida de ler, mas, em muitos momentos, peca pelo excesso. Nesta resenha pretendo comentar aspectos que me fizeram ter com este livro uma relação de amor e ódio.

Esta é uma história de uma menina de 10 anos, órfã de mãe e única de neta de um joalheiro falido, chamada Rheita. Esta menina nasceu predestinada a algo, e ela possui uma marca nas mãos que a obriga a viver de luvas. Em determinado momento da história ela descobre no antigo quarto da mãe a metade de um mapa mágico. Esta missão se junta ao desejo desenfreado da garota de rever seu pai que simplesmente desapareceu. Logo, com a ajuda de um menino chamado Kiel, filho gago de um sapateiro, descobre que um ser estranho está à procura justamente do mapa. Tudo isto dará margem para uma grande busca que levará ela e o amigo para o reino de Lagoena. Lá, se defrontaram com uma missão: deverão encontrar sete chaves que abrirá um portal de desejos. O desejo poderá salvar o reino de Lagoena.

Não há surpresas nessa sinopse, a diversão do livro está pelos encontros com criaturas mágicas, as dificuldades para achar as chaves. Particularmente, como leitor, me interessei mais pelos acontecimentos enquanto ela estava no Reino do Vinagre, o lugar de origem dela. As problemáticas, os conflitos ali eram mais interessantes. 

Falta peso, falta consistência no universo mágico criado pela autora. Ao longo de 200 páginas nós conhecemos um reino que teoricamente está em perigo, contudo, fora a floresta sombria, tudo parece muito bem. Não há uma sensação de perigo, logo não há uma tensão que leve o leitor a torcer ou compartilhar as emoções e os riscos dos personagens. A história se torna previsível.

Alguns núcleos criados pela autora são muito bem feitos, destaco o grupo de ladrões que por si só já são mais interessantes que os protagonistas. Eles são carismáticos, eu gostaria muito de ver mais deles. Eu gostaria muito que a história fosse mais coesa ou convergênte, ou seja, que houvesse um entrelaçamento dos personagens. Isso me decepcionou, o que levou a um final só “okay”. 


Tenho que reconhecer o talento da autora. Neste primeiro romance da autora é possível identificar a capacidade criativa desta. É muito bom ver elementos fantásticos de diversas regiões do mundo, inclusive brasileiras, por exemplo, a ideia da Iara e do Curupira estão presentes no livro. Isto é muito criativo. 

Posso concluir que as crianças vão adorar este livro, contudo a autora poderia ter expandido este universo, até criado uma série. É um tipo de livro que pede mais de um volume, o livro não ficou dinâmico, a meu ver, ficou apressado. Por isto, digo que a maior falha do livro está no seu roteiro de acontecimentos e desenvolvimento dos personagens. [ATUALIZADO] Felizmente, soube que a autora pretende continuar a trama e expandir este universo. Confesso, que fico muito feliz e ansioso com esta informação.

Depois dos ladrões, o personagem mais carismático é o Kiel, e em seu final eu acredito e vejo um problema de enredo pelo fato de um acontecimento não ficar muito claro e por envolver algo muito característico do personagem sentir falta de uma explicação mais explicita sobre, contudo tem lógica. Só precisa de algumas informações sobre a gagueira para que se possa compreender por inteiro.

Por fim, foi um livro que eu gostei de ler, ele conseguiu em alguns momentos me prender, me surpreender às vezes, me entreter, em outros, porém, eu simplesmente queria que acabasse logo. E esteticamente o livro é muito belo e muito bem feito. Confesso que esperava mais, e continuo esperando mais da autora. Quero ver mais da autora e esta melhorar cada vez mais nas suas obras, pois há um potencial imenso. Principalmente, pelo fato de haver uma escassez de livros de fantasia brasileira.

Por Jônatas Amaral

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