[ #MFFF2016 ] Resenha de "Onda de Calor" (2015) de Raphaël Jacoulot

"Coup de Chaud" (Onda de Calor) de Raphaël Jacoulot

Exibido no festival de Turin 2015 e selecionado para a mostra do 6º My French Filme Festival, o filme “Onda de Calor” mostra-se um filme que surpreende pela reflexão e não pela narrativa em si, afinal o que se espera de uma história que tem como mote principal um “Quem Matou?” ?, contudo o que encontramos é uma melancólica reflexão sobre a intolerância e isso é o ponto forte do filme.

A história narra vida de alguns habitantes numa cidadezinha aparentemente tranquila, até que a vida quotidiana é perturbada por Josef Bousou: Filho de sucateiros e conhecido encrenqueiro. Por essa fama este é apontado pelas pessoas das cidades como a razão principal de todas as suas desgraças até o dia em que é encontrado morto no quintal de sua família. 

Karim Leckou (Josef Bousou)
A sinopse é inteiramente interessante e o resultado final irá oferecer uma investigação, o velho flashback para mostrar os suspeitos, tem o clássico de uma investigação. Porém falha ao se tornar um tanto óbvio a resposta para o crime, afinal existe uma única história nos habitantes daquela cidade que não se encaixa. Desta forma e que percebo que a grande essência da trama é mostrar o quanto as pessoas daquela cidade são intolerantes.

Você pode pensar, mas porque intolerância? O sujeito não merecia morrer afinal? A resposta para esta pergunta é decerto spoileré, porém ao longo de toda a exibição percebemos que o personagem tem problemas mentais claros, hiperativo, depressivo, melancólico, esquizofrênico. Não há em nenhum momento provas concretas para incriminá-lo de nada. A narrativa deixa isso explicito, você se revolta ao saber que ele morreu e se revolta com as pessoas. Aí sim, ao final temos uma ode a tolerância e ao respeito promovido pelas extremidades: Jovens e os mais velhos.


Dois atores se destacam e praticamente levam o filme nas costas, eles são os responsáveis para gerar em você toda a expectativa. Karim Leklou (Bousou) interpreta excelentemente seu papel e mostra toda a angustia, loucura e inocência peculiar do personagem, assim como a atriz Carole Franck, responsável pelas melhores cenas e diálogos do filme ao lado de Krim Leklou, que interpreta uma mulher forte e um tanto injusta.

Assim sendo, o filme possui uma introdução lenta e calma demais que vai se intensificando até chegar ao seu clímax surpreendente por um lado e decepcionante pelo outro. O filme conta um boa história de forma razoável. 


Filme assistido na 6º edição do My French Film Festival, no dia 05 de fevereiro de 2016.

Esta resenha faz parte da cobertura do evento.

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Por Jônatas Amaral

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