[RESENHA] "A Ultima Carta" de David Labs


 


Você abre o livro e se depara com uma diagramação linda, abstrata e muito bem cuidada. Com trechos de cores diferentes para estabelecer limites e diferenças entre os narradores ora um narrador personagem, ora noticias, ora a versão da própria personagem principal por meio do seu diário e cartas. O grande problema é que a estrutura é mais interessante do que a história e seus personagens.

O livro conta ou tenta contar a história de Luda, uma jovem do interior, que estaria para se casar por uma conveniência aos interesses familiares e viveria para sempre na sua cidade natal. Casaria com o jovem mais rico, porém por padrões pré-estabelecidos o mais feio do vilarejo. A vida da personagem muda quando recebe uma carta anônima, a partir de então as suas atitudes ganham peso de futilidade, por vezes, diante de um novo horizonte. A grande questão é o que ela conta é verídico ou não passa de uma ilusão.



Uma história que se contextualiza nos anos 40 a qual foi deixada ao que imagino ser um jornalista que julga ser essa uma história digna de ser contada. Partindo disto. A história é contada a partir de relatos da própria personagem, trechos do seu diário, as cartas que ela recebeu e imaginação do próprio narrador, recheado de hipóteses. Isso numa mistura extremamente fragmentada, o que por vezes deixa a história confusa.

A estrutura é interessante, o problema é a história que essa estrutura conta que é superficial, com personagens que pouco envolvem; não geram empatia, pelo contrário. O único ponto realmente significativo esta no último ato, quando vamos à Paris com a personagem, onde temos a dúvida, afinal, Jacques existia ou é fruto de uma poção que gera ilusões? Mas, no fim, o livro passa e simplesmente passa. E o leitor pensa, porque isso, o resto, é importante? 

A meu ver, o problema está na falta de profundidade da protagonista, se o autor tivesse se preocupado em mostrar mais dela, das palavras dela ao invés de ficar gerando hipóteses sobre o que ela disse, poderíamos ter um mistério muito mais consistente. Não consigo, aqui, transmitir os porquês das personagens. É um livro curto demais para uma trama que, talvez, precisasse de mais cuidado com a estrutura e mais páginas.



Não é um livro só cheio de defeitos, em alguns momentos, como disse no terceiro ato, temos algo bem escrito e delineado, tanto é que o momento onde fica mais claro o que eu o autor pretende lançar a quem o ler. E traz um toque de fantástico. Mas, ainda é raso. Momentos curtos e bons acontecem nas suas 140 páginas, poucos, mas, acontecem.

Um livro que pode gerar decepção se for com muita sede ao pote, isto em minha opinião (pois foi o que aconteceu comigo). Infelizmente, não foi o que esperava, mas em suas primeiras e ultimas páginas me entreteve e pelo fato de ele ser parte de um projeto legal e interessante valeu a leitura. Se quiser arriscar, arrisque. É uma literatura nacional, e vale pelo diferencial em sua estrutura que se melhorada pode ser incrível.

Por Jônatas Amaral

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