[RESENHA] "Elas" de Daniel da Rocha Leite





Infinitamente mais.

É isso o que se quer ao terminar as últimas páginas do livro “Elas” de Daniel da Rocha Leite. Um escritor paraense que surpreende nestas crônicas por sua suma delicadeza e inteligência ao escrever, além de sua extrema percepção do mundo que o rodeia.

“Elas” é uma livro de crônicas com a essência feminina. Daniel Leite fala sobre as mulheres da sua vida. Mulheres que passam pela vida de um homem, e certa forma, de todos. Do inicio ao fim somos tomados por momentos simples, mas significativos. Momentos registrados pelas mãos de um cronista nato.

O livro é composto por 17 crônicas dividas em duas partes: em seu primeiro momento intitulado “Para se ter de onde vir”, nosso olhar é levado para as mulheres da infância, adolescência e juventude de um rapaz.

Na crônica “Olho d’agua” olhamos pela fechadura dos momentos interiores de uma mãe. Em “O rio de dentro”, rios de alegria, ridos de milagres. Relação Mãe e filho. Já em “Sobre nomes de mãe” o autor demonstra o cuidado dessas mulheres (mães) tão importantes; o quanto elas nos marcam em pequenos momentos.

“Primeiros Passos” nos leva para atmosfera da adolescência; numa época onde era comum os jovens saciarem pela primeira vez sua sede de corpos nas casas de prazeres. Esta surpreende pela delicadeza, não deixando de mostrar duras realidades, mas dando um olhar sincero para aquelas que antes de prostitutas são mulheres, e como elas marcaram a vida do garoto narrado.

“Sobre nomes da outra” é a sequência da anterior, nesta o menino se faz homem. Não tenho palavras para descrever. Foi uma das mais lindas crônicas já lidas por mim.

“Primeiros beijos” sempre existem. Cada beijo é o primeiro. A crônica final da primeira parte fala da sensibilidade, de amadurecimento. O inicio e o passado. O que lembramos, disso é feita o primeiro tomo.

Autor Daniel da Rocha Leite
“Flores de Maio”, inicia a segunda parte intitulada “Para se ter aonde ir”. A crônica amplia a visão de um marido para com sua esposa. O casamento. “(Foto)Grafias” esta no rol das minhas favoritas. Vê-se a mulher tornando-se mãe. Momento só dela. Daniel Leite fez um retrato dos mais emocionantes sobre este momento único para mulher, nesta crônica.

“Boca” narra momentos cotidianos de marido e mulher. Namorado e Namorada. Ajuntados, Futebol e brigadeiro. “Bolsa de Mulher” que mistérios podem esconder?. 

As crônicas “Ida” e “Volta” são uma só simbolicamente. Pela primeira vez possuímos um apelo social. Trata-se de uma menina que vende coisas nos ônibus para ajudar a mãe. Faz-nos refletir através das emoções que esta nos causa.

O que é natural no final da vida? A velhice. É sobre isso que as crônicas “Dentro da Palma da mãe” e “Velhos juntos” refletem. E por fim, “Desdentados dentes de Leite” em uma metalinguagem, fala da crônica, a menina dos olhos do cronista. Fala do cronista que não sabe viver sem a sua crônica.

Um fim que não chegam. Terminamos, mas não termina pelo fato de a vida continuar. As palavras saltam aos nossos olhos, leva a mente para o nosso passado, presente e possível futuro. “Elas” fala sobre mulheres, pelo olhar dele; de um homem. “Elas” fala dela: da Vida; com seus princípios, meios e, talvez, fins. 

Por Jônatas Amaral


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