[#Oscar2015] "Para Sempre Alice" (Still Alice, 2014)




“Para Sempre Alice” (Still Alice, 2014), filme com direção de Richard Glatzer, Wash Westmoreland, narra a história de Alice Howland, uma renomada professora de Linguística. Em ocasiões situacionais a Dr.ª Howland começa a esquecer de palavras, chega a se perder durante uma corrida pela cidade. Os lapsos de memórias tornam-se frequentes. Preocupada, procura um médico e é diagnosticada com Alzheimer. 

A história a partir de então vai contar a trajetória dessa mulher jovem que vai precisar enfrentar uma doença que retira praticamente tudo que ela conquistou: Carreira, Conhecimento, Lembranças... É então que a força de sua família é colocada a prova. A relação com o marido começa a ficar fragilizada. A relação com os filhos já crescidos fica dual, entre o afastamento e a presença que os leva sempre ao estado de “não poder fazer nada”, exceto com a filha Lydia (Kristen Stewart); esta que sempre fora a filha mais distante e destoante da família, começa a ficar mais próxima de sua mãe.


O filme tem um enredo bastante simples, porém esta simplicidade não pode ser confundida com falta de profundidade, afinal é o enredo simples que promove e facilita com que os personagens em sua grande profundidade brilhem ao longo da trama, principalmente a protagonista.


O que me chamou muita atenção nesta produção é a forma na qual a direção e a equipe de roteirista escolheram para contar esta história. A trama tinha tudo para cair no sensacionalismo, na busca incessante pelas lágrimas do telespectador. Tinha tudo para cair na explicação mastigada do tema, porém, nada disso acontece. A doença é vista por um olhar sensível, sem perder o foco na realidade crua e nua da doença. Possui cenas fortes, sim. Porém, realizadas de forma sensível. Focando no sentimento da personagem.

Seria relativamente muito comum contar a história da família que tem que viver com o Alzheimer, mas o filme não usa este elemento como foco principal, ele busca mostrar a vida de alguém com a doença. Logo, nós temos a vida dessa mulher retratada em suas diversas áreas: pessoal, familiar, profissional... Buscando deixar claro que o que aconteceu pode acontecer com qualquer um, mas como você vai enfrentar isto é que será o grande detalhe. Tanto a pessoa afetada, como as pessoas a sua volta.

Temos então personagens como o marido que precisou seguir a sua vida no trabalho para sustentar a família e também se ver realizado, o que gera um contraponto interessante e um conflito na trama. Temos a filha mais velha, que sabe que tem 100% de chance de ter a doença e está prestes a ter um bebê, preocupa-se com isso, afinal é uma doença que também é transmitida por gerações genéticas. Temos o filho do meio, que possui menos função na história, é um jovem que está numa faculdade, cuida da mãe quanto pode, segue a vida. E temos Lydia que é a "problemática", em termos, pelo fato de querer um trilhar um caminho seu, que não é errado, não vejo ela com uma rebeldia sem causa. Ela sabe o quer, e esta fazendo por merecer. Escolhendo o caminho. Porém, é a única que realmente parece voltar os olhos de verdade a mãe e tenta entender o que aquela mulher está passando e tenta ser a ela um porto seguro de amor, mesmo a distância.


“Para Sempre Alice” sendo é um filme de personagens, ele abre espaço para grandes atuações, tanto é que cada um, com o tempo na tela que possui, brilha de alguma forma. Dar o melhor de si. Um grande destaque dos coadjuvantes é com certeza as atuações de Alec Baldwin (John Howland) e Kristen Stewart (Lydia), ambos pela firmeza e segurança em seus personagens, em cada fala, em cada cena. Kristen mostra uma faceta mais madura, um trabalho mais rico do que este que escreve já presenciou dela. Em todas as cenas que Kristen e Julianne Moore estão juntas percebemos a troca e a verdade entre elas.


E, justamente, não se pode deixar de elogiar o incrível trabalho de Julianne Moore. Ela conseguiu fazer da personagem alguém real, conseguiu transmitir uma verdade e uma mensagem sem ser extremamente didático. Sensível e Forte é a atuação de Moore. A meu ver, digna de Oscar e do Globo de Ouro a qual ela está indicada.


“Para Sempre Alice” é um filme que tem como ponto principal, sim, o Alzheimer. Contudo, eu acredito que a base dessa história é o amor. Por quê? Esta de fora é uma coisa, viver é outra. E quem está fora para não desistir é preciso amar de verdade. É o que Lydia prova na última cena do filme. “Para sempre Alice” é sobre relacionamentos, é sobre vida, é sobre Alzheimer, mas principalmente, sobre amor.

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Indicada a Melhor Atriz - Julianne Moore 


Vencedora do Globo de Ouro de Melhor Atriz - Julianne Moore 

Por Jônatas Amaral

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