"Meu Pedacinho de Chão" - Uma fábula inesquecível.





Foi como se tivéssemos vivendo na pequena vila de Santa Fé. Benedito Ruy Barbosa escreveu uma história digna de ser vista, revista, lembrada e aclamada eternamente. “Meu Pedacinho de Chão”, que teve seu último capitulo exibido na sexta-feira dia 01 de agosto, levou ao público uma história lúdica, com assuntos sérios como: Reforma Agrária, Vida Escolar, Abandono de menor, Politica mas tudo com um toque extremamente original.

“Meu Pedacinho de chão” é um remake de uma novela antiga do mesmo autor que depois de muitos anos decidiu reescrevê-la, mas de uma forma bem diferente. Dando a ela um tom lúdico, tudo contado pelos olhos de uma criança. Assuntos sérios visto com pureza, com beleza, com doçura. Cada cena desta novela era um espetáculo a parte, no âmbito visual, no áudio, no sentimento, na emoção. 

Foi uma novela inovadora, trouxe para um gênero longo, algo mais enxuto e inédito. Trouxe inovação, faz muito tempo que não vemos na Tv brasileira algo tão original. Novas formas de narrativa, como a divisão de telas, flashbacks constantes, diminuição e aumento de telas, como fazendo lembrar os velhos filmes de faroeste. Musicas extremamente originais e tocantes. A última vez que vimos uma narrativa como esta foi na minissérie “Hoje é Dia de Maria” que foi outra inovação em termos de narrativa na TV brasileira.

Chegando ao seu último capitulo podemos notar que foi uma narrativa muito bem orquestrada, sem barrigas, extremamente ágil. Toda semana tinha algo novo acontecendo, a trama evoluindo. Percebemos como o autor conseguiu contar uma história com poucos personagens, ter trama e desenvolvê-las ao máximo, sem cair numa história arrastada e cheia de embromação; pelo contrário, foi uma história que foi contada num curto período de tempo, em relação às novelas tradicionais da Rede Globo, mas fez de forma brilhante, como nenhuma outra novela da atualidade conseguiu. 


Desde as primeiras cenas a novela trouxe uma estética diferenciada. Um cenário de tirar o fôlego. Recheado de detalhes mínimos, mas significativos. Os figurinos, verdadeiras obras de arte, merecem com certeza uma exposição. Figurinos deslumbrantes, pensados milimetricamente para se ajustar a personalidade de cada personagem. A cada emoção dos personagens. Ninguém nunca conseguirá esquecer das perucas malucas da Dona Catarina (Juliana Paes), do Cabelo e visual encantador da Professora Juliana ( Bruna Linzmeyer), e do despojado, porém não menos galante do Dr. Ferdinand (Jhonny Massaro). Da aparência e andar engraçado de Zelão. E de tantos outros.


Alias, falando dos personagens, a vantagem de se ter uma novela com poucos personagem é que o telespectador consegue se envolver com cada personagem, ainda mas quando eles são tão bem construídos e representados. Juliana Paes parecia em estado de graça com sua Dona Catarina. Irandhir Santos, como Zelão, fez um dos personagens mais queridos desde o inicio, aliado com Bruna Linzmeyer, fizeram um casal lindo de ver e de torcer. Desde a sequência em que se viram pela primeira vez, uma cena linda de ver e ouvir, emocionante, conquistou o público. Duvido que não tenha enchido os olhos d’água ao ver Zelão declarando seu amor pela doce professorinha.


Quem se destacou bastante foi o casal Gina e Ferdinando. Paula Barbosa fez um dos seus principais e com toda certeza um dos mais inesquecíveis de sua carreira. Gina cativou o público, foi à personagem que mais evoluiu ao longo da trama. Foi evidente, a personagem começou de forma bruta e foi como que uma lagarta virando borboleta. Jhonny Massaro foi destaque nas cenas de humor e drama, principalmente ao lado de Osmar Prado, com Seu Coronel Epaminondas Napoleão - Divertidíssimo e Emocionante.


Emiliano Queiroz (Padre Santo), Antonio Fagundes (Giácomo), Inês Peixoto (Dona Tereza), Dani Ornellas (Amância) ,Teuda Bara (Mãe Benta), Ricardo Blat (Prefeito) Letícia Almeida (Rosinha) Flavio Bauraqui (Rodapé) merecem grande aplausos. Foram eles que ofereceram grandes momentos para dar boas gargalhadas, assim como Osmar Prado e Juliana Paes. Era de chorar de rir com as tiradas bem pensadas e bem soltadas.

Rodrigo Lombardi (Pedro Falcão) e Bruno Fagundes (Doutor Renato) surpreenderam, o primeiro por seu personagem cômico e extremamente carismático. Confesso que não gostava nenhum pouco do ator, o achava limitado, mas esse novela foi com toda certeza para ele um divisor de águas, na minha concepção. Para o segundo, foi sua estreia, e com toda certeza, aquela história de viver na asa da pai acabou. Ele mostrou a que veio e fez com competência.


Cintia Dicker (Milita) e Gabriel Sater (Viramundo) foram um casal que o público torceu, e com a cantoria do tocador alegrou a vila e trouxe bons momentos a trama. Até no último capitulo arrasaram.

Mas, com toda certeza os personagens mais amados desta trama pertencem aos atores Tomás Sampaio e Geytsa Garcia. Serelepe e Pituca encantaram o público, com atuações competentes, momentos incríveis, tudo era pela visão deles. Seus personagens transitavam por todos os cenários e conflitos. Até a última cena foram destaques. Eles são estrelas que ainda vão brilhar ainda mais. 


A trilha sonora foi um elemento a mais. Com uma trilha instrumental criada exclusivamente para a trama, a novela foi delineada com canções-temas lindamente e competentemente introduzidas. Além de uma ótima trilha sonora internacional e nacional.

Tenho muito a dizer sobre a novela, mas que não cabe em apenas um post como este, mas acredite será uma novela que deixará saudades. Será inesquecível por esses e outros milhares de motivos. Alguns autores poderiam aprender um pouco com este trabalho que abordou temas diversos sem precisar ser apelativa, violênta ou sexual demais. Uma novela brilhante, ousada, histórica. Uma Fábula Inesquecível!
Por Jônatas Amaral

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