[RESENHA] “O Azarão” de Markus Zusak

The Book Thief


Tornar-se um homem. Maturidade. Imaturidade. A Criança que não nos deixa. A Sede pelas respostas. Um livro como “O Azarão”, que nos oferece tantas leituras possíveis, pensamentos e reflexões a partir de suas linhas, sem querer ser perfeito, mas que toca e nos confronta, é um forte candidato a uma experiência literária marcante e única.


“O azarão” se chama Cameron Wolfe, um adolescente de 15 anos cheio de defeitos e qualidades, dúvidas, atitudes estranhas, ou seja, um garoto que querendo ou não, nem que seja em apenas uma coisa, o leitor vai se identificar.

Ele possui três irmãos mais velhos: Steve, um irmão que se sente o máximo, a ponto de humilhar; A Sarah, adolescente enfrentando os problemas de relacionamentos e Ruben, um irmão que de certa forma é o melhor amigo do nosso protagonista, um irmão-amigo, não é perfeito em suas atitudes; personifica a questão da vontade ser quem é e de errar para aprender.

Ruben e Cameron praticam juntos pequenos furtos – ou pelo menos os planejam. Praticam boxe de rua e se ferem constantemente, são um tanto sujos ( como eles mesmos enfatizam). Cameron ao conhecer e se apaixonar por Rebecca, uma garota real em tudo, “nem um pouco parecida com as mulheres seminuas das revistas”, começa a perceber que precisa mudar de atitudes, deixar de ser um perdedor, precisa ser um vencedor, crescer.

Esta obra é o primeiro livro de Makus Zusak, que em 2006 seria aclamado a partir de sua obra “A Menina que Roubava Livros”. Quero ressaltar que o primeiro romance já nos mostra traços que farão da obra de 2006 chegar a quase perfeição.


A Menina que Roubava Livros The Book Thief


Zusak estabelece um diálogo com o leitor muito interessante. Que me lembra de um traço de Machado de Assis, porém menos erudito. Sendo um adolescente a contar a história é perceptível de vez em quando uma imaturidade, uma inconstância, que pode até ser um pouco biográfico. Isso é maravilhoso na leitura, na minha visão, pois oferece ao leitor um conhecimento maior do interior do personagem.

“Bem, este é basicamente o fim, então, as resposta devem estar nas próximas páginas. Duvido que surpreendam você, mas nunca se sabe. Não sei se você é inteligente ou burro. E até onde sei, você podia ser Albert Einstein” (Pag. 161)

O Delírio. Gosto quando o autor cria situações; estabelece elementos que saem do óbvio. Zusak surpreende em alguns momentos com frases que jamais pensaríamos poder ser ditas por determinadas personagens, mas de um forma que ficou verossímil.


Um traço que pode irritar são as marcas de oralidade, como forma de enfatizar algo dentro do texto. Um elemento interessante em partes da obra, porém outras desnecessárias.

Como leitor, posso e tenho o poder de estabelecer apenas uma leitura sobre a obra ou várias. Assim como você pode ter gostado da obra ou não. Acredito, contudo, em relação a esta obra, que ela possui muito a oferecer ao público a qual ela é voltada, assim como para todos os outros. Principalmente porque ele traz temas importantes na formação dos jovens.

Se eu pudesse destacar um tópico a ser analisado mais profundamente em outra leitura ou trabalho, eu destacaria o elemento “Homem”, ou seja, a figura masculina nesta obra. Foi a primeira obra que eu tive a oportunidade apreciar que exprimiu de uma forma muito diferente a alma masculina. Debatendo, de uma forma amena, mas sem deixar de aprofundar os conflitos e os momentos que os homens podem ou mesmo passam.

"Uma resposta.
Diz:
- Ele está lutando contra o mundo"
("O Azarão" de Markus Zusak)


Para este livro escolhi uma música que acredito abarcar um pouco do que foi a leitura do mesmo e do que eu pude apreender dele. Acredito que Brilhar no Escuro é um forma de identificar Cameron Wolfe e toda sua trajetória no livro.
A Música é "Charlie Brown" de Coldplay. Confira a canção no clipe abaixo:



Por Jônatas Amaral

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