[RESENHA] “O pão da amizade” de Darien Gee.


“Eu espero que você goste” (pag. 19)

O primeiro capitulo começa com esse desejo sincero de que as linhas dessa história seja do agrado de cada olhar, de cada leitor.

Na pequena cidade de Avalon, no nordeste do estado de Illionois, Estados Unidos, um elemento simples e saboroso mudou a história de milhares de pessoas.

Em certa tarde Julia Evarts e sua filha, Gracie, chegam em casa e encontram um presente: um pão da amizade, junto a um pacote de massa, instruções de como fazer o pão e um pedido para que ele seja compartilhado com outras pessoas.

Julia está abalada por uma tragédia em seu passado, que resultou na morte de seu filho mais velho, no distanciamento dela para com a irmã... Por insistência de Gracie é que ela concorda assar o pão. Compartilhar seria complicado, afinal depois de tantos problemas, ela tornou-se uma mulher solitária.

Em uma reviravolta Julia conhece duas recém-chegadas a Avalon, por quem desencadeia uma ligação ao oferecer a elas parte da massa.

A viúva Madeline Davis luta para manter aberto seu salão de chá e viver com arrependimentos que ela não consegue consertar, enquanto a famosa violoncelista, Hannah Wang de Brisay está enfrentando o fim da carreira, mesmo tão nova, e o fim do casamento. Não demora muito para que essas três mulheres firmem uma amizade que mudará suas vidas para sempre.

Edie e Livvy são pessoas distintas entre si. A amizade entre elas surge na sede de imprensa da cidade. Edie é uma cética jornalista e quer mudar o mundo; Livvy é a irmã de Julia, uma mulher mais madura através do tempo, que vive com uma amargura e culpa. Ambas se unem quando novidades chegam.

Não se demora muito para que a vida de todas essas mulheres e de todos os cidadãos da cidade de Avalon de alguma forma se ligue por laços fortes de amizade, a partir de uma atitude, de um elemento: Um doce e saboroso pão.

Logo que comecei a ler está história fiquei com certo receio de me ser apresentado clichês ao longo da história e isso me decepcionasse. Tudo me levava a crer que seria um carta do tipo corrente, em que num determinado momento da trama as pessoas iriam se unir para um bem maior... isso acontece? Acontece. Porém,, confirmei que escritores sábios são aqueles que conseguem ter um clichê na mão e trabalhar de uma forma simples, sutil e interessante a tornar este enredo original, emocionante e cativante. Foi isso que Darien Gee conseguiu neste livro.

Gee criou uma cidade a qual você prepararia as malas e partiria para lá de tão atraente, bonita e interessante de viver. As pessoas, os lugares, o cheiro, o clima instável, tudo te encanta. Nesta cidade ela nos apresenta personagens tão verossímeis que você pode encontra-los na sua rua agora, por serem apresentados de forma tão realista.

A narrativa se estabelece em 3º pessoa, o que é uma estratégia incrível e inteligente, pois com ela a autora conseguiu diversas visões, de diversos acontecimentos. Por vezes no mesmo capitulo as visões vão se alternando de uma forma muito bem feita, sem nos deixar confusos em nenhum momento. Criando dessa forma uma profundidade, densidade tamanha para cada personagem, principalmente para os cerca de 10 personagens centrais.

Temos uma história central que fora apresentada no inicio desta resenha, contudo ao longo da trama temos pequenos contos, que narram como a trajetória, o dia-a-dia dos outros cidadãos dessa cidade foi afetada pelo “pão da amizade”, algo que tem vital importância, principalmente na situação final. São lindos e emocionantes.



Este livro foi muito especial para mim e acredito que ele possa ser para cada um que se dedicar a ele. Sua maior mensagem é amizade: entre irmãos, entre marido e mulher, pais e filhos, chefe e empregado... O quanto isso é importante e pode mudar a vida de alguém. Essa mensagem não é de forma alguma passada pronta e mastigada; ela é percebida ao longo do tempo, de cada atitude, em cada diálogo, até a ultima linha em diante... Faz-te refletir, repensar e mudar algumas atitudes, pelo menos isso aconteceu comigo. Eu acredito que cresci um pouco mais lendo esse livro.

Acredito, também, que a pessoa aprende a cozinhar um pouco, pelo menos eu já estou ansioso para experimentar a fazer o pão, mesmo não sendo um “Chef”. O livro nos oferece em anexo a receita e diversas variações criadas pelos cidadãos de Avalon, além de muitas dicas.

O Pão da Amizade, Friendiship bread de Darien Gee, Editora Lua de Papel
391 páginas, 2011.

Se eu posso dar uma dica é leia esta obra devagar; como se verdadeiramente estivesse saboreando algo muito gostoso, porque está história é assim: deliciosa de ler e você não quer que acabe.

Ele não pode ter a capa mais linda, a edição mais bem feita, porém detém uma das histórias mais delicadas, deliciosas, emocionantes, bem escrita e inteligente que fora escrita e os meus olhos e alma puderam apreciar.

Para finalizar escolhi uma passagem do livro que pode falar muito sobre a história nele descrita:

“Há algo atraente numa história calma e profunda, que tem a capacidade de tocar e ligar as pessoas por muito tempo” (pag.361)

Por Jônatas Amaral 

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