"A Culpa é das Estrelas" de John Green



É impressionante como um livro pode te surpreender. Como nas suas primeiras linhas te tocam de alguma forma; que aquele livro ganha proporções grandiosas, durante a sua leitura. Torna-se tão importante, que jamais será esquecido.

Ano passado, em 2013, apenas dois livros tornaram-se assim preferidos e inesquecíveis. Este ano, No meu aniversário ganharia o livro que me reservaria momentos lindos, emocionantes e surpreendentes. Fui presenteado com “A Culpa é das estrelas” de John Green. Uma grata surpresa. Um incrível presente. E tornaria-se também preferido e inesquecível.

O livro me surpreendeu. Quando iniciei a leitura eu tinha uma ideia meio que pré-formada sobre o livro. Já havia lido dezenas de resenhas, comentários, imagens, já havia sido divulgado o trailer do filme, pôster, o mundo comentando. Eu vinha com uma ideia que digamos lembrava muito certo “Um amor para recordar”. Nunca fiquei tão feliz de estar enganado.

Logo nas primeiras linhas, eu vi que este livro não era igual a nenhum outro. Eu não podia ter imaginado uma referência tão esdrúxula. As primeiras linhas me revelaram um personagem incrível, chamada Hazel Grace.

Hazel é um paciente terminal. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante – o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos -, o último capitulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de apoio a crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.

O livro é em primeira pessoa, como um diário de Hazel Grace, é interessante notar com o tempo, que parece que o foco não é contar a sua história como um todo, mas sim contar a  história dela com Augustus Waters. Tudo leva a isto.

Na página 16, da minha edição, conhecemos verdadeiramente Augustus Waters. Vou deixar que ele se apresente:

“ – Meu nome é Augustus Waters – disse. – Tenho dezessete anos. Tive uma pitada de osteossarcoma um ano e meio atrás.”  
Qual o seu maior medo? 
- “Eu tenho medo de ser esquecido – disse ele de bate pronto. – tenho medo disso como um cego tem medo do escuro.” (pag. 16)

Quando esse personagem se apresentou foi como se uma amizade tivesse nascendo ali. Não sei, se todos sentiram isso. Mas, é como se Hazel e cada leitor virassem amigos de Augustus. É estranho como um garoto como Gus, para os íntimos, tenha medo de ser esquecido.

Foi então, que me identifiquei com o personagem. Meu maior medo? Ser esquecido. Foi um choque, foi à primeira lágrima, foi o primeiro momento que prendi a respiração. E desde então, eu percebi: eu não vou ler uma história de adolescentes com Câncer. Eu vou ler uma história de adolescentes enfrentando a adolescência, a vida. Com seus medos, com suas alegrias, com suas limitações.




O The New York Time, disse: “Um misto de melancolia, doçura, filosofia e diversão”. Nunca concordei tanto com este jornal. O Quanto esse livro me fez pensar, é surpreendente. Sobre tanta coisa, sobre a vida. Sobre a morte. A uma passagem que Hazel diz: “ Você morre no meio da vida, no meio de uma frase” (pag.52). Como a vida é frágil, às vezes. A vida é para ser vivida. Aproveitada, ela tem que valer a pena. Cada segundo tem que valer, você estando com uma doença terminal ou não. E quantas vezes, não sentimos o medo de não ser importante para ninguém. Quantas vezes eu já não sentir isso. Talvez, você esteja começando a perceber o porque desse livro ter sido tão importante para mim.

Segue abaixo, uma relação de passagens, que escolhi para apresentar coisas que me fizeram refletir, emocionar, repensar:

“Não acho que todo mundo possa continuar tendo dois olhos, nem que possa evitar ficar doente, e tal, mas todo mundo deveria ter um amor verdadeiro, que deveria durar pelo menos até o fim da vida das pessoas” (pag. 57)

O amor verdadeiro. Isso é importante.

“As pessoas sempre acabam ficando insensíveis à beleza” (pag. 115)

É impressionante, como o simples, como um detalhe tão bonito, torna-se ínfimo, hoje em dia. Sem valor, quando crescemos. Eu não aceito isso, nunca aceitei. Não aceite. Vejo o belo das coisas. Veja o lado bom das coisas.

Aqui está a imagem que eu via da minha janela, enquanto finalizava a leitura desse livro:




“O mundo não é uma fábrica de realizações de desejos”. (pag. 128)

Hazel e Augustus percebem isso em poucos momentos. Nem sempre teremos o que queremos, mas isso não significa não podemos lutar pelas coisas.

“Viver o melhor da sua vida hoje” (pag. 152)

Você conhece o amanhã? Nem eu. Então vivamos o hoje.

“Os Verdadeiros heróis, no fim das contas, não são as pessoas que realizam certas coisas; os verdadeiros heróis são as que REPARAM nas coisas.” (pág.218)

Homens fizeram grandes coisas. Terríveis. Só foram grandes coisas. Os que reparam, observaram esses sim, fizeram grandes coisas. Belas e verdadeiramente importantes.

“A Culpa é das estrelas” é filosófico, é engraçado. De fato, você rir muito... até nos momentos mais tristes. Foram muitas vezes que as lágrimas caiam, mas eu tinha um sorriso e uma gargalhada pronta. Ele é Brutal. É difícil ver as coisas mudarem tão rápido. Tão intensamente. Mas a vida é assim.

Sei, que o texto pode ter ficado um pouco grande, e veja que isso é só o básico do que eu gostaria de dizer. Porém, quero estabelecer um pequeno comentário sobre o titulo: Quem são as estrelas?

1- Estrelas no sentido real da palavra. Aquelas que brilham no céu da noite.
2- As estrelas engarrafas no Champanhe.
3- Ou é uma metáfora para o ser humano? Afinal, o autor como seu personagem é um grande adepto a metáforas.

Os deixo com essa citação e esse questionamento:

“é da natureza das estrelas se cruzar. [...]” (pag. 81)
A culpa é das estrelas, a culpa é....


GREEN, Jhon. A Culpa é das Estrelas. (The Fault in Our Stars)
Tradução de Renata Pettengill
Editora Intrínseca, 2013. 224 páginas.
Augustus Waters se tornou um dos meus personagens favoritos. Nunca eu me identifiquei com um personagem, por várias coisas diferentes de mim, mas tão parecido. É difícil explicar, mas parece que Augustus Waters é um pouco do que eu queria expressar e nunca conseguir.

“A Culpa é das estrelas” é um livro para ser incrivelmente lido com delicadeza, de coração e mente aberta. Se ainda não leu, leia. Se só diz que leu, Leia. Se não quer ler, porque acha que é modinha, eu digo: LEIA!

Se não parar de escrever, será um tese de 400 páginas este post. “Meus pensamentos são estrelas que eu não consigo arrumar em constelações”, pelo menos não, muito bem nesse momento.

O que eu posso dizer, para finalizar: LEIA!

“Eu acredito naquela frase de Uma frase imperial. “A luz do sol nascente forte demais em seus olhos que perecem”. Acho que o sol nascente é Deus, e a luz do sol é muito forte e os olhos dela estão perecendo, mas não estão perdidos. Eu não acredito que retornamos para assombrar ou consolar os vivos, nem nada, mas acho que nos transformamos em alguma coisa.” (pag.118).

Por Jônatas Amaral 

Comentários

  1. Preciso começar elogiando essa imagem! Belíssima!
    Mas, cara, se antes eu já tinha interesse em ler esse livro, com sua resenha o interesse aumentou consideravelmente. Já disse que quero muito ler antes da estreia no cinema, mas não dá para negar também que tinha certo "receio" de já conhecer a história por completo e acabar me decepcionado por isso, como você bem ressaltou. Mas se isso não acontece, e mesmo conhecendo, ela continua sendo tocante, não há nada melhor a se fazer do que ler o quanto antes.
    Uma amiga cobra essa leitura todo dia, acho que ela vai gostar de saber que sua resenha aumentou ainda mais o interesse kkk

    Abraços,
    Ricardo - www.overshockblog.com.br

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  2. Com o seu trabalho crítico pude perceber os seus sentimentos e o seu entusiasmo em escrever sobre o livro, Após ter lido a sua resenha fiquei ansioso e empolgado em ler o livro e é claro assistir o filme kkkk devo ressaltar o seu bom gosto criativo em destacar algumas paginas e frases do livro, assim você conseguiu enriquecer o seu material tornando sua crítica única e especial, espero ler novas resenhas como essa! Gosto muito do seu trabalho meus parabéns.

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